Victor Aranha

Victor Aranha

Um sonho peculiar que tive ontem à noite, que talvez seja interessante registrar.

No meu sonho eu corria por uma estrada de terra, algo bem rural. Apenas o matagal ao meu redor, com a ocasional cerca dizendo que aquele lugar não era totalmente desprovido de civilização. E eu sabia que era um feriado, o Dia de Todos os Santos? De Todos os Espíritos? De todos alguma coisa de sentido espiritual ou religioso.

E eu sabia que era esse dia pelos grupos de pessoas que, agora eu via, enchiam a estrada, tanto que eu tinha que desviar delas para continuar minha corrida. Primeiro me deparei com monges encapuzados, andando devagar e de cabeça baixa, rumo a templos de pedra que eu sabia que estavam lá, entoando alguma coisa.

Depois de passar por eles eu vi círculos de pessoas, diversos deles. Pessoas vestidas de penas, vestidas de palha, vestidas de branco, todos dançando em seu próprio ritmo, cantando suas canções com toda força, mas sem nunca se distrair pela cacofonia que era formada.

Devagar mas evitando perder o ritmo eu negociei um caminho entre eles, buscando espaço para continuar meu treino, até que parei onde um grupo de pessoas estava parado de ponta a ponta na estrada, de costas para mim e olhando algo.

Na frente deles havia um homem, e o homem apresentava para eles um boi branco com um chifre quebrado e uma marca na testa. Ele dizia para sua plateia “Esse é nosso Deus, e ele anda entre nós.”

O homem guiou o boi para frente, onde ele se deitou no chão. Em seguida, foi a vez de a plateia ir à direção do boi que era seu deus, e para minha surpresa todos sacaram facas e facões. O propósito deles era claro enquanto cercavam o animal, e cada um cortou um pedaço do boi, um naco considerável, e o levou consigo. E no meio disso tudo, o boi não gritou nem parecia sentir dor. No final todos se foram, e a carcaça talhada do boi permanecia deitada na mesma posição, sua cabeça – a única parte poupada – olhando de forma vazia para o infinito.

 

Nesse ponto eu dei as costas para fazer meu caminho de volta, estrada acima. Nesse ponto eu acordei também.