Praticar exercícios físicos regularmente, pelo menos 150 minutos na semana, garante estabilidade física ao idoso por 15 anos, com manutenção da força, do equilíbrio e da flexibilidade – habilidades que começam a entrar em declínio já a partir dos 50 anos. Essa é a conclusão de um levantamento do Centro de Estudos do Laboratório de Aptidão Física de São Caetano do Sul (Celafiscs) – órgão ligado à Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo – que foi iniciado em 1997 e concluído no final de 2011, após mais de 5 mil avaliações. Ver
Os dados colhidos ao longo do período passaram a compor um grande banco de dados a partir do qual os pesquisadores desenvolveram critérios de avaliação física voltados especificamente para idosos. Outro resultado dos 15 anos de coleta de informações foi o desenvolvimento de um programa de exercícios especial para esse público: o Senior Fit, que propõe um revezamento entre atividades aeróbicas, de força, de equilíbrio e de flexibilidade.
A proposta é que o idoso faça uma atividade orientada por profissionais três vezes por semana e que pratique exercícios em casa nos outros quatro. A Organização Mundial da Saúde recomenda, com base em estudos científicos, que o idoso dedique pelo menos 150 minutos a atividades físicas por semana. O professor de educação física Timóteo Leandro Araújo, pesquisador do Celafiscs, diz que não há uma cultura voltada para a prática de exercícios entre os idosos no Brasil. “Há uma mania superprotetora com os idosos, que tende a incentivar ainda mais o sedentarismo.
Queremos alarmar a sociedade e mostrar que a teoria de que o idoso tem de ficar sentado, em casa, sem carregar peso, está prejudicando a saúde das pessoas”, explica.
O geriatra Carlos André Freitas dos Santos, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), diz que, a partir dos 50 anos, começam alterações fisiológicas no sistema músculo-esquelético. Primeiro, inicia-se uma troca de massa magra por massa gordurosa. As articulações perdem fibras elásticas e os ossos ficam menos densos. “O sedentarismo, associado a essas alterações, faz com que o envelhecimento traga perda de mobilidade. Atividades físicas, com treinamentos orientados, desfazem esse prejuízo”, diz. Para Araújo, a principal vantagem dos exercícios para os idosos é que eles passam a cumprir mais tarefas da vida diária de modo independente. “Os exercícios trazem sustentação para as atividades do dia a dia. Ele pode, por exemplo, ir ao mercado sem precisar pedir ajuda”. Os especialistas estimam que, entre 50 e 70 anos, uma pessoa perca até 30% de sua força muscular.
A aposentada Elsa Leonor Zalasar, de 63 anos, nunca gostou muito ir à academia, mas foi conquistada por um programa voltado para a terceira idade. Ela frequenta o Centro Integrado de Saúde e Educação da Terceira Idade João Castadelli, em São Caetano do Sul, e participou do estudo do Celafiscs. “A partir da terceira ou quarta aula, você chega em casa e tem mais disposição. O melhor de tudo é ter disposição para ir às compras, fazer trabalhos de casa, ter mais jogo de cintura”, diz ela, que também percebeu um ganho importante na flexibilidade. “Agora, a dificuldade já não é tanta nos exercícios. Depois que termino de fazer alongamento, o corpo já parece outro.”
PROGRAMA DE ATIVIDADE PARA A 3ª IDADE |
AERÓBICOS |
Pelo menos 30 minutos diários. Pode ser uma atividade orientada na academia ou caminhada, corrida, dança, entre outros. |
FORÇA |
Pelo menos 30 minutos, duas vezes por semana. Essa rotina é composta por oito exercícios, com 10 repetições cada. |
EQUILÍBRIO |
Pelo menos 10 minutos, duas vezes por semana. O idoso pode começar a andar sobre uma linha reta no chão. Desafios vão sendo propostos para treinar o equilíbrio: caminhar com os braços abertos, com a ponta dos pés, com o calcanhar, entre outros. |
FLEXIBILIDADE |
Ao menos 10 minutos, duas vezes por semana. Sentar com as pernas esticadas no chão e levar as mãos à ponta do pé, por exemplo. |