Por seis votos a cinco, ministros do STF absolvem oito condenados no processo do mensalão por formação de quadrilha, entre eles José Dirceu e Delúbio Soares, que se livraram da prisão em regime fechado
A absolvição dos réus do mensalão por crime de quadrilha e o desempenho
do Produto Interno Bruto (PIB) em 2013 dividem o foco da primeira página dos
jornais de hoje. As manchetes destacam a reviravolta do julgamento no Supremo
Tribunal Federal (STF) e a surpresa com o crescimento de 2,3% do PIB. A
produção de soja, um dos impulsos da economia no ano passado, está com
dificuldade de escoamento por problemas de logística.
A mudança na composição do STF, com a entrada de dois novos juízes, Luís
Roberto Barroso e Teori Zavascki, indicados pela presidente Dilma Rousseff, foi
fundamental para a revisão do veredicto, que fechou em 6 a 5 pela absolvição. O
presidente do STF, Joaquim Barbosa, lamentou o resultado. O PT comemorou.
Com a nova avaliação, José Dirceu e Delúbio Soares se livram do regime fechado
de prisão e deixam a prisão mais cedo. A Justiça suspendeu ontem o direito do
ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares de trabalhar fora da Papuda, após denúncias
de que tem regalias na prisão.
O governo também comemorou o desempenho da economia, que surpreendeu com
crescimento de 0,7% no quarto trimestre e 2,3% no fechamento do ano. Os números
superaram até as previsões do Banco Central no IBC-Br, índice que busca
antecipar o PIB. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que os analistas
iriam passar o Carnaval revisando as projeções.
Mas Mantega optou pela cautela e manteve a previsão de expansão de 2,5% para
este ano em, que está acima do mercado. A mais recente pesquisa Focus registra
a estimativa de 1,67% para o PIB deste ano.
O Valor destaca em manchete que o resultado do PIB no quarto trimestre pode
ajudar neste ano, com uma contribuição entre 0,7% e 0,8%. O ano, no entanto,
começou com confiança em baixa, queda nas exportações para parceiros
importantes e menor produção de automóveis.
Pesa ainda negativamente, segundo o jornal econômico, a ausência de um motor
para impulsionar o crescimento, papel em que consumo e investimento se
alternaram nos últimos anos. Em 2013, a boa surpresa foi o crescimento de 6,3%
dos investimentos e de 7% da agropecuária. A indústria teve avanço de apenas
1,3% e reduziu mais a participação na economia, de 26% para 24,5%, o menor
percentual em quase 20 anos. O consumo das famílias completou o décimo ano de
crescimento, embora tenha registrado o menor avanço desde 2003.
Os colunistas especializados trazem avaliações em geral positivas. Em O Globo,
Míriam Leitão, chama a atenção para a recuperação do investimento, mas destaca
que a taxa de poupança recuou pelo quarto ano seguido, para 13,9% do PIB, e
virou gargalo para o crescimento.
Dos economistas ouvidos, a posição mais crítica é a do ex-presidente do Banco
Central, Afonso Celso Pastore, que disse ao Estadão não ver motivo para
comemoração. Os pré-candidatos a disputar a presidência da República com Dilma,
Eduardo Campos (PSB-PB) e Aécio Neves (PSDB-MG) também combateram o crescimento
baixo.
A taxa de empréstimos com recursos livres para pessoas físicas subiu para 39,9%
ao ano em janeiro, segundo o BC, atingindo o maior patamar em dois anos. Para o
chefe do Departamento Econômico do BC, Tulio Maciel, ela é consequência direta
da elevação da Selic. O Valor destaca a recomposição dos spreads.
O escoamento da soja, que promete para este ano a maior safra do mundo, já
enfrenta problemas com alagamentos de rodovias em algumas regiões e seca em
outras, que inviabiliza as hidrovias, segundo o Valor. A Folha destaca que o
governo terá dificuldades em licitar 158 áreas de portos neste ano, como
pretende por causa das ações contrárias de operadores de cinco portos públicos.
A Justiça Federal determinou que a empresa alemã Siemens fique impedida de
participar de licitações públicas e fechar contratos com o governo no Brasil
nos próximos 5 anos. A decisão tem base em sindicância feita nos Correios que
apontou suspeita de pagamento de propina da Siemens para obter contratos. A
multinacional recorre da decisão na Justiça.
